O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro sediou, nesta quinta-feira (27), o encontro “Mulheres Negras na Sociedade Brasileira Contemporânea: Rompendo as Barreiras da Invisibilidade”. A presidente da AMAERJ, juíza Eunice Haddad, participou da abertura do evento, que reuniu magistrados, servidores e estudantes.
Também compuseram a mesa de abertura o desembargador Claudio Brandão, corregedor-geral da Justiça, e as juízas Alessandra Bilac, auxiliar da Presidência do TJ-RJ, e Katia Cilene Bugarim, vice-presidente do Grupo de Trabalho (GT) Mulheres Negras e Interseccionalidades do TJ-RJ.
Em seu discurso, a presidente Eunice Haddad ressaltou a importância de aumentar a representatividade feminina e negra em espaços de poder. “Há mais de 60 milhões de mulheres negras no nosso país, mas elas ocupam apenas 3% dos cargos de liderança. Precisamos de mais representatividade. Quem já ocupa esses espaços deve reverberar para servir de referência, atuar como espelho para que as outras meninas e mulheres olhem e pensem: ‘eu chego lá também’”, disse.
A juíza Katia Cilene Bugarim destacou a parceria da presidente Eunice Haddad na luta coletiva. “Agradeço muitíssimo à minha querida Eunice, presidente da nossa Associação, aliada em todas as causas e sensível a pautas tão relevantes e caras para nós”, afirmou.
A magistrada explicou que o evento acontece propositalmente no mês em que são celebrados o Dia da Consciência Negra (20) e o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres (25). “Escolhemos o mês de novembro para promover o primeiro encontro do GT, e não foi por coincidência. É uma oportunidade para debatermos questões relevantes, especialmente as que envolvem a mulher negra”, disse.
O desembargador Claudio Brandão, corregedor-geral da Justiça do Rio, ressaltou o valor do encontro. “Destaco a importância da realização de eventos como este, para que seja possível discutir seriamente e enfrentar um dos desafios mais sensíveis da sociedade brasileira. Fiquei muito honrado com o convite e reafirmo o compromisso da Corregedoria e do Poder Judiciário fluminense em viabilizar iniciativas como esta”, frisou.
O evento é organizado pela Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar (COEM), do TJ-RJ, e a Escola da Magistratura do Estado (EMERJ). Participaram dos painéis as juízas Rita Vergette, diretora adjunta da AMAERJ, Anna Carolinne Licasalio e Helenice Rangel.
Ao longo do encontro, foram promovidos debates sobre empreendedorismo, proteção de direitos e a presença feminina negra em posições de liderança. Também integraram as mesas a deputada estadual Renata Souza (PSOL), representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e da Polícia Civil, além de profissionais das áreas de saúde e pedagogia.
Juízas Rita Vergette, Helenice Rangel e Anna Carolinne Licasalio
A desembargadora aposentada Ivone Ferreira Caetano, primeira magistrada negra do TJ-RJ, foi homenageada ao final do evento. A juíza Katia Cilene Bugarim fez a leitura do tributo.
“O ápice de sua carreira na Magistratura veio em 2014, quando tomou posse como a primeira juíza negra a ocupar o cargo de desembargadora, tornando esse evento – muitas vezes formal e burocrático – um importantíssimo acontecimento histórico na luta social pela igualdade de gênero e de raça na composição das altas cúpulas das carreiras de estado. Esse acontecimento instalou uma necessidade urgente de reflexão sobre a representatividade da mulher negra em todos os espaços de decisão”, destacou a juíza.
Também participaram da homenagem a desembargadora Adriana Ramos de Mello, coordenadora da COEM, e as juízas Anna Carolinne Licasalio e Helenice Rangel. A desembargadora Ivone Caetano expressou gratidão pelo gesto e relembrou histórias que marcaram sua trajetória.
Leia também: Em entrevista, desembargador Wagner Cinelli fala sobre violência doméstica e COGENsApresentação teatral na Praça da Justiça terá juíza Elizabeth Louro no elencoJuiz Guilherme Grandmasson lança livro sobre dosimetria da pena
